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Um, nenhum e cem mil, de Luigi Pirandello

  • Foto do escritor: Fernanda Palhari
    Fernanda Palhari
  • 4 de mar. de 2018
  • 2 min de leitura

Atualizado: 30 de abr. de 2020


O primeiro pensamento que tive logo no início da leitura foi o de que eu devia ter lido a obra antes. Porque ela é tão boa, com uma história tão atraente e com um estilo de escrita tão simples que dá vontade de largar o livro apenas quando o texto terminar.

Um, nenhum e cem mil é uma obra bastante conhecida de Luigi Pirandello, um grande autor italiano do século XX. Ela conta a história de Moscarda, um bancário rico e não muito boa pessoa conhecido por todos na cidade em que mora. Certo dia, ele começa a perceber que as pessoas a sua volta o enxergam de maneira diferente em relação àquela com que ele próprio se vê, a começar por sua própria esposa, para quem ele é apenas Gengê, seu marido bobo, rico e sem muitos objetivos.

Essa percepção é despertada por conta de um comentário feito por sua esposa sobre certo "defeito" em seu nariz que ele nunca havia notado. Ela ainda aponta algumas outras peculiaridades no corpo de Moscarda que para ele antes eram inexistentes, o que o deixa ainda mais paranoico - se é que é possível utilizar a palavra.

O personagem, então, entra em um frenesi de loucura praticamente sem fim. Suas novas observações lhe deixam claro que cada indivíduo enxerga a si próprio de certa forma, mas é visto pelas outras pessoas de formas diferentes. Por exemplo: ele enxerga a si mesmo de uma forma, mas sua esposa o vê sob outra perspectiva; do mesmo modo, sua esposa enxerga a si mesma de certa forma, mas ele a vê de maneira diferente. Na realidade, portanto, ninguém conhece ninguém. E esse prisma de pensamentos ao poucos o conduz para uma estrada de insanidade.

Mas, se formos parar para pensar, toda a lógica do pensamento dele faz sentido. Ninguém conhece a totalidade das pessoas a seu redor e, penso eu, nem ao menos sobre si mesmo. O mais natural é que tenhamos várias facetas, que vêm à tona em momentos diferentes. Somos, ao mesmo tempo, um, nenhum e cem mil, como prevê o título do livro. Sendo assim o personagem, se considerado louco, no mínimo não porta uma loucura que não sejamos capazes de compreender.

Junto a toda essa atmosfera da loucura são levantadas algumas outras questões, como a importância dada ao dinheiro e o poder que ele exerce na vida das pessoas, podendo ser definidor da permanência ou extinção de um relacionamento, por exemplo. Também acho pertinente notar a existência na história de algo que poderíamos chamar de rótulos. Moscarda é visto pelo povo de sua cidade como usurário, do mesmo modo como seu pai era conhecido quando vivo. Assim que ele tenta fazer algo que esteja fora desse papel de pessoa ruim, como doar uma casa, é taxado de louco - inclusive pelo próprio recebedor da caridade. Convenhamos que dar uma casa a um desconhecido não é uma atitude das mais comuns, mas taxar o benfeitor de louco não me parece muito sensato também.

Aproveitei bastante a leitura de Um, nenhum e cem mil e espero que vocês gostem do livro também, se ainda não tiverem lido, ou que tenham gostado dele, se já tiverem mergulhado nessas páginas antes.

❤ Até o próximo post! ❤

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Fernanda Palhari ama ler e falar sobre livros, organização e desenvolvimento pessoal, gosta de visitar e indicar locais bacanas, é adepta da yoga e tenta manter um estilo de vida saudável para o corpo e para a mente.

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