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Nimona, de Noelle Stevenson

Atualizado: 6 de abr. de 2020


Título: Nimona

Tradução: Flora Pinheiro

Editora: Intrínseca

Nimona foi minha primeira experiência com graphic novels. Fazia algum tempo que eu pensava em experimentar ler livros do gênero e finalmente deu certo quando as meninas do clube Infinistante sugeriram essa obra como leitura para o mês de julho. No início do livro eu fiquei com uma sensação de que tudo estava indo muito rápido, já que há poucas palavras, mas então comecei a me demorar mais pelos desenhos, observar os detalhes. Afinal, eles estão ali porque são parte importante da história, certo? Um quadrinho é composto não só pelo texto, mas pela arte também. Sei que essa é uma constatação óbvia, mas fez parte do processo de me aproximar mais com a obra que eu estava lendo.

O livro de Noelle Stevenson conta a história de Nimona, uma jovem com o poder de se transformar em qualquer ser vivo existente. Ela se torna comparsa de Ballister Coração-Negro, um famoso vilão do reino em que vivem. Ele é inimigo da Instituição de Heroísmo & Manutenção da Ordem, que é comandada pela Diretora e tem como herói principal Ambrosius Ouropelvis, antigo companheiro de escola de Ballister.

Logo no início descobrimos como e porque Coração-Negro se tornou vilão e percebemos que a Instituição, ou ao menos a Diretora, não é lá muito benevolente. Apesar de cometer crimes, Coração-Negro se preocupa em seguir algumas regras durante a execução de seus planos para que pessoas inocentes não sejam machucadas, o que já vai tornando possível ao leitor desconfiar da figura de vilão com a qual o personagem foi caracterizado.

Nimona, entretanto, é uma personagem bastante impulsiva e com certa tendência para a violência - o rótulo de menina frágil não se encaixa muito bem aqui - e há um motivo para isso, que a gente descobre lendo a história. Sua sagacidade e sua habilidade para mudar de forma se fazem muito úteis em sua parceria com Coração-Negro. As figuras da Diretora e da Instituição causam uma sensação de antipatia praticamente instantânea, enquanto Ouropelvis, apesar de tentar ser bom, se mostra um tanto cego para a realidade que o cerca.

O mais bacana do livro, para mim, foi a possibilidade de enxergá-lo como um espelho da nossa sociedade. Como encaramos o desconhecido e o diferente, como somos manipulados, nossa tendência a colocar a culpa nos outros e não em nós mesmos, a ganância, a pesquisa científica, o desejo de ascensão social ou profissional, a força da amizade. As situações e os personagens da história podem ser usados como forma de analogia ao mundo em que vivemos em vários campos diferentes.

A história inteira tem uma pitada de ironia, provinda provavelmente da analogia com a nossa realidade, que me conquistou. Amo personagens e narradores sagazes, que são capazes de enxergar o mundo ao seu redor e fazer troça dele de forma inteligente, e Nimona tem bastante disso, ainda que de uma forma mais sutil.

E não dá para falar de uma graphic novel sem citar a arte, não é mesmo? Como comentei no início desse post, não estou acostumada a ler quadrinhos, então não tenho muito com o que comparar, mas gostei bastante do estilo de desenho da autora e das cores que foram usadas. E também gostei muito da edição do livro em si, ao menos esteticamente falando. Os animais na capa, em volta do trio de personagens, ficaram um charme, e o verde bem escuro também está muito bonito. Acho que o único problema maior para mim foi o papel do miolo. Apesar de bonito, ele é bastante pesado e reflete a luz, o que acabou dificultando a leitura em alguns momentos (não sei se esse é o papel usado normalmente em graphic novels, tenho que fazer uma visita à livraria, haha).

Algo que curto bastante em livros são elementos adicionais e eles estão presentes aqui. Amei as short stories que estão no final da obra. São duas, ambas com tema natalino. E as últimas páginas também contam com alguns rascunhos de desenvolvimento dos personagens que são bem bacanas.

Minha experiência com Nimona foi muito gostosa, felizmente. Demorei um pouquinho para me familiarizar com o formato de quadrinhos e prevejo uma releitura da obra para poder aproveitá-la melhor, mas eu gostei bastante da leitura e espero ler outros livros nesse formato em um futuro próximo.

❤ Até o próximo post! ❤

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Fernanda Palhari ama ler e falar sobre livros, organização e desenvolvimento pessoal, gosta de visitar e indicar locais bacanas, é adepta da yoga e tenta manter um estilo de vida saudável para o corpo e para a mente.

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