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  • Foto do escritorFernanda Palhari

Caiu do céu, de Heidi W. Durrow

Atualizado: 6 de abr. de 2020


Título: Caiu do céu (The girl who fell from the sky)

Tradução: Mirian Ibañez

Editora: Leya

Esse foi o segundo livro da minha Maratona Encalhados 2018 (proposta pelos igs @batidasliterarias, @curtaleitura e @lilinomundodoslivros). O primeiro deles foi O retorno do Jovem Príncipe, que já resenhei por aqui semana passada, e o terceiro foi A festa de casamento, cuja resenha vai sair semana que vem, provavelmente. Coloquei Caiu do céu na categoria "Livro que você ainda não leu por receio do que irá sentir com a história" porque o tema tratado na obra é mais delicado e, apesar de extremamente importante, não me senti pronta para lê-lo na primeira vez que tentei.

Mas isso ocorreu anos atrás e, desde então, a obra ficou parada na minha estante. Com a maratona finalmente resolvi que estava na hora de ler o livro de Durrow. Ele conta a história de uma menina chamada Rachel que sobrevive a uma tragédia familiar e vai morar com a avó. Nesse novo contexto de vida, ela passa a enfrentar questões que não haviam sido postas a sua frente anteriormente.

Ao longo da obra nós acompanhamos o ponto de vista de vários personagens. O da própria Rachel, o de Brick, um menino que de certa forma presenciou a tragédia ocorrida na família da protagonista, o da mãe dela e o da ex-chefe desta última (se não me engano são só esses quatro). Por meio dessas várias perspectivas, aos pouquinhos vamos tendo indícios do que realmente aconteceu no início da história e descobrimos até mesmo coisas que ocorreram antes daquele dia fatídico. Além disso, acompanhamos o crescimento de Rachel ao longo dos anos em que vive com a avó.

É justamente durante esse tempo, vivendo em uma outra realidade, que a menina vivencia o preconceito. Ele está em todos os lugares, na escola, no bairro, dentro de casa. Por ser filha de um homem negro com uma mulher norueguesa ela não tem a pele muito escura, mas possui cabelos encaracolados, características que não lhe permitem ser bem aceita por nenhum dos grupos - nem pelos brancos, nem pelos negros.

O racismo é o tema mais fortemente abordado na obra, ele molda toda a vida de Rachel e de várias pessoas a sua volta - assim como acontece até hoje no mundo real, infelizmente. Durrow, como mulher negra, conseguiu me fazer perceber de uma forma mais eficaz, já que eu estava ali acompanhando a história de Rachel, como a vida de uma pessoa, que não deveria ser considerada nem um pouco diferente, pode ser afetada pelos preconceitos existentes e reproduzidos pela sociedade (sociedade essa da qual todos nós fazemos parte).

Achei bacana o fato de haver citações, ao longo da história, de nomes que foram (e ainda são) importantes na cultura negra, como Aretha Franklin (recentemente falecida), reverendo Martin Luther King e Amiri Baraka.

Um outro tema abordado no livro e que me chamou a atenção foi o preconceito em relação às pessoas que vivem nas ruas ou que usam drogas. E a hipocrisia da pessoa branca ao dizer ajudá-los e ao mesmo tempo se considerar superior à eles. Acho que uma das maiores lições que tirei do livro foi que é preciso não apenas ler e discursar sobre esses temas, mas fazer alguma coisa de fato, por mínima que seja. Ajudar obras sociais com doações ou com voluntariado me parece ser um bom começo.

A leitura foi realmente mais difícil do que os outros livros que costumo ler e estou grata por finalmente ter conseguido completá-la, era uma obra necessária. É uma história sobre família, lealdade, preconceitos e seus desdobramentos que me sinto grata por ter podido ler. Fico contente por ao menos algumas reflexões terem surgido a partir dela aqui na minha cabeça.

❤ Até o próximo post! ❤

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Fernanda Palhari ama ler e falar sobre livros, organização e desenvolvimento pessoal, gosta de visitar e indicar locais bacanas, é adepta da yoga e tenta manter um estilo de vida saudável para o corpo e para a mente.

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