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O Gattopardo, de Lampedusa

Atualizado: 6 de abr. de 2020


Título: O Gattopardo (Il Gattopardo)

Autoria: Giuseppe Tomasi di Lampedusa

Tradução: Marina Colasanti

Editora: Record

Faz mais ou menos dois anos que descobri essa obra em uma aula de literatura italiana e nesse mês, finalmente, consegui lê-la. E o melhor de tudo é que gostei bastante da história. Demorei para concluir a leitura, mas foi mais por estar com o tempo corrido do que por qualquer outra coisa. O livro aborda não apenas a vida familiar que em um primeiro momento parece ser a central da obra, mas também fatos históricos ocorridos na Itália da época, e como História é algo sobre o que amo aprender, isso só me fez gostar ainda mais do livro.

Em O Gattopardo acompanhamos a história de uma família de prestígio na Sicília do século XIX, os Salina. O título da obra advém do nome de seu protagonista, que em tradução completa seria O Leopardo, animal símbolo da família a que ele pertence e da qual é patriarca. O livro é dividido em oito partes, cada uma datada de um mês e ano específicos, e, enquanto acompanhamos a vida desses personagens vemos, ao mesmo tempo, as mudanças históricas que ocorreram na Itália durante aqueles anos.

Essas mudanças históricas são as que ocorreram durante o período de unificação da Itália, em meados do século XIX. A Sicilia mostrada é uma sociedade, como diz o próprio Príncipe, praticamente feudal, em que uma família, os Salina, é extremamente rica e as outras são extremamente pobres. Mas esse é também o momento de ascensão social daqueles que lucram com o comércio e afins, ou seja, a burguesia.

Então o que presenciamos na história é esse momento de decaída da aristocracia, que aos poucos vai se tornando obsoleta, e de subida da burguesia, que tenta se refinar, conseguir mais poder e aos poucos ocupa o lugar da antiga nobreza. Há uma frase bastante célebre da obra, dita por Tancredi, sobrinho do Gattopardo, que acho que resume bem toda essa situação: "Se queremos que tudo continue como está, é preciso que tudo mude.". Tancredi percebe logo que, para continuar pertencendo à classe de prestígio social no reino é necessário se tornar parte da nova camada de poderosos e influentes que estava sendo formada na época.

O Gattopardo, entretanto, demora a entender o verdadeiro significado dessa afirmação e acaba caindo, junto com sua família, no ostracismo, assim como grande parte das antigas linhagens que há séculos monopolizavam o poder em cada um dos então reinos da Itália. Mas é importante darmos atenção também a outra parte da frase de Tancredi, a que diz que tudo permanecerá igual. A única mudança real foi quanto ao poder - quem o detém o do que ele se constitui. Se antes o que contava era principalmente o sangue e o refinamento, agora o que importa é o dinheiro. As pessoas pobres, então, continuam com suas vidas áridas.

Nas relações familiares narradas houve duas que me chamaram mais a atenção: a de Fabrizio e Tancredi e a de Tancredi e Angelica. Para o Gattopardo o sobrinho é alguém muito mais querido do que seus próprios filhos e achei bacana observar os diálogos entre os dois. Tancredi e Angelica, por sua vez, formam um casal cheio de expectativas de felicidade juvenis que a narração já nos adianta que não se concretizarão. E algo a ser destacado aqui é justamente o fato de a união deles mostrar como a burguesia rica (Angelica) foi se inserindo nos círculos da nobreza falida (Tancredi) - mas esse caminho é uma via de mão dupla, cada um precisa do outro para manter ou conseguir poder.

A escrita da obra é bastante fluída e nada cansativa. Há várias passagens de monólogos mas em nenhum momento me senti entediada ao lê-las, muito pelo contrário. O fato de eu gostar de História e de me interessar pela Itália deve ter tido alguma margem de influência na minha resposta ao livro, mas não creio que ele seja cansativo mesmo para aqueles que não tem um interesse específico nessas áreas.

Enfim, fiquei muito satisfeita por ter conseguido ler o livro (mesmo que eu tenha demorado o dobro do tempo planejado para concluí-lo, haha) e bem feliz por além disso ter realmente gostado da história. A obra foi adaptada para o cinema por Luchino Visconti e, pela crítica, o filme parece ter ficado bem bacana, então pretendo assistir a ele assim que der também.

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❤ Até o próximo post! ❤

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Fernanda Palhari ama ler e falar sobre livros, organização e desenvolvimento pessoal, gosta de visitar e indicar locais bacanas, é adepta da yoga e tenta manter um estilo de vida saudável para o corpo e para a mente.

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