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Mansfield Park, de Jane Austen

Atualizado: 6 de abr. de 2020


Mansfield Park é a quarta obra de Austen que leio e preciso dizer que a cada livro terminado mais eu me apaixono pela escrita da autora. Uma das características dela que mais me encanta, como vocês já devem saber, é a ironia, sempre presente em suas obras. E em Mansfield Park ela me pareceu se mostrar ainda mais fortemente.

Ao contrário das outras obras da autora que já li (Razão e Sensibilidade, Orgulho e Preconceito e Emma), nesta não existe uma grande história de amor. A protagonista, Fanny Price, é levada ainda criança para morar com seus tios mais abastados financeiramente, os Bertram, a fim de receber uma educação melhor e ser uma preocupação a menos para seus próprios pais. Na nova casa, Mansfield Park, ela se transforma em uma observadora silenciosa do dia a dia da família - e se em algum momento ela participa ativamente dessa rotina é normalmente como coadjuvante. É à ela que suas tias recorrem para que as tarefas do lar sejam feitas ou os recados entregados.

Por conta desse papel coadjuvante dentro da família ela tem a possibilidade de olhar os acontecimentos e situações de uma perspectiva diferente da dos membros da mesma e é por meio dessa visão que são feitas algumas observações bem irônicas a respeito dos primos, primas, tios, tias, enfim, de toda a sociedade que a rodeia.

Mas é importante ressaltar que o papel coadjuvante de Fanny, que mencionei anteriormente, é muito mais profundo e sério do que se imaginaria à primeira vista. Durante as primeiras páginas da leitura pensei que talvez ela pudesse se tornar uma observadora quieta, mas com pensamentos bastante afiados, mas não é essa a realidade da personagem. Apesar de haver alguns momentos em que Fanny pensa cinicamente as pessoas a seu redor, na maior parte do tempo ela esconde seus sentimentos até mesmo dos parentes mais próximos, o que a leva a sofrer sozinha diante de tantas situações desgostosas a que ela é submetida. Também deve-se levar em conta que, desde quando começou a fazer parte dessa nova família, ela sempre foi tratada, principalmente por uma das tias, como alguém externo, que não pertencia realmente àquele núcleo, que devia ser infinitamente grata por poder estar ali e que, portanto, não devia ter muitas expectativas de sucesso na vida. Tudo isso contribui para a formação de uma Fanny insegura quanto a si mesma, que não ousa se opor frente a opinião alheia.

Também é significativo levar em conta que a perspectiva de mundo de Fanny, ao chegar a Mansfield, é moldada por uma pessoa em particular: seu primo Edmund. Em seu antigo lar, como uma das crianças mais velhas, ela era responsável por ajudar a cuidar ativamente dos irmãos mais novos, enquanto na nova casa ela tem mais oportunidades de aprender sobre literatura e alguns outros campos, mas tudo isso sob o olhar cuidadoso de Edmund. Os dois nutrem basicamente a mesma opinião sobre tudo, nutrem pontos de vista diferentes apenas acerca da mulher por quem ele se apaixona em dado momento da obra. Justamente essa mulher e seu irmão, que chegam ao Park relativamente no início do livro, são os responsáveis pela maioria das mudanças na vida da família Bertram.

A história não terminou da forma como eu havia imaginado, mas mesmo assim gostei bastante do desfecho criado por Austen. Ele mostrou um engrandecimento da protagonista, se não aos olhos de todos ao menos sob o ponto de vista dos Bertram. E há também uma certa constância em alguns deles. Há personagens que sofrem mudanças ao longo da história, mas a maioria se mantém durante a obra toda repetindo as mesmas decisões, sendo elas acertadas ou não.

Quando comentei no instagram que estava começando a leitura da obra algumas pessoas me contaram que Mansfield Park é o livro da autora com opiniões mais controversas entre os fãs - muitos amam a obra, mas há também bastante gente que não gosta nem um pouco da história - então fico feliz em dizer que faço parte do primeiro grupo. Apesar de não ter me conquistado tanto quanto Orgulho e Preconceito, que é minha obra preferida, ou mesmo Emma, achei o livro maravilhoso, principalmente no tocante a observações em relação à sociedade - que, apesar de não serem muito frequentes da parte de Fanny, se fazem bem presentes na ironia da narradora.

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❤ Até o próximo post! ❤

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Fernanda Palhari ama ler e falar sobre livros, organização e desenvolvimento pessoal, gosta de visitar e indicar locais bacanas, é adepta da yoga e tenta manter um estilo de vida saudável para o corpo e para a mente.

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