Alucinadamente feliz, de Jenny Lawson
- Fernanda Palhari
- 2 de dez. de 2018
- 4 min de leitura
Atualizado: 6 de abr. de 2020

Título: Alucinadamente feliz (Furiously happy)
Autoria: Jenny Lawson
Tradução: Andrea Gottlieb de Castro Neves
Editora: Intrínseca
Eu estava em dúvida se escrevia ou não um post sobre Alucinadamente feliz porque estava – e ainda estou – com receio de escrever algo insensível. Quero deixar claro que não sou entendedora do assunto e, na verdade, sei muito pouco sobre transtornos mentais. Estou compartilhando aqui minha experiência com o livro do ponto de vista de uma leitora comum, que teve seu primeiro contato com a autora exatamente com essa leitura.
Eu tive uma relação de altos e baixos com o livro. Comecei gostando muito, mas lá para o meio da obra eu já estava me perguntando porque raios insistia em ler um livro do qual não estava gostando tanto. Mas acho que é justamente esse o ponto: esse livro não foi feito para que gostemos dele. Jenny Lawson montou uma obra que nos mostra como ela é, como ela lida todos os dias com seus transtornos mentais e dá um jeito de seguir em frente, mesmo quando a cabeça dela diz outra coisa. E esse cenário nem sempre é acolhedor.
Acho que gostei muito do início porque já é carregado de humor e ironia, o que geralmente me conquista, e eu ainda não tinha percebido que a obra era realmente “um livro engraçado sobre coisas horríveis”. E eu não gosto de rir de coisas horríveis, mesmo que elas me sejam apresentadas com uma boa dose de humor, então eu ficava com a sensação de que o que estava sendo narrado e a forma como isso era feito eram duas coisas desconexas, porque simplesmente não fazia sentido para mim.

No começo da obra a autora conta um pouco sobre o movimento Alucinadamente feliz (Furiously happy), algo que achei bem bacana. O que mais ficou em mim dessa espécie de lema é que ela escolhe viver os momentos felizes no pico mais alto possível, porque quando os tristes vierem eles serão realmente baixos. É uma espécie de balança de picos que eu só consegui ir compreendendo aos poucos, ao longo das páginas. Foi só mais lá para o fim do livro que eu consegui entender melhor (mas ainda não inteiramente) o que antes estava me parecendo tão desconexo.
As situações que ela narra, vividas pela própria, são as mais incomuns que eu já vi. Às vezes eu parava a leitura e pensava: essa mulher é louca. E a questão é que ela é, sim, louca (como ela própria afirma), e isso não é necessariamente uma coisa ruim – Jenny já deixa isso claro logo nas primeira páginas. É apenas uma forma diferente de viver a vida, de encontrar o que te faz sentir bem. Uma forma de tentar driblar os mil pensamentos negativos construídos pelo seu próprio cérebro e arrumar um jeito de governar sua própria vida, da melhor forma que der.
Eu fiquei admirada e feliz quando vi como ela e as pessoas que a acompanham no The bloggess conseguiram construir uma comunidade em que todos podem se sentir acolhidos e ter consciência de que não estão sozinhos. O movimento Furiously happy surgiu dentro desse blog, quando a autora fez um post desabafo, exasperada por ter que passar por todos aqueles momentos ruins e decidida a viver ao máximo todos os momentos felizes. E as partes em que ela conta como as pessoas se identificam com o que ela pensa e escreve, no blog ou nos livros, é realmente emocionante – são pessoas percebendo que há mais gente na mesma situação (ou em situações bem parecidas) e que tem como seguir em frente, que é possível ter uma vida e, principalmente, ser feliz, seja o que for a felicidade para você.

E as mensagens do último capítulo e do epílogo do livro realmente me tocaram. Jenny mostra que a vida poderia ser mais fácil se ocorresse de outra forma, mas essa possibilidade não significa que seríamos mais felizes se tudo fosse diferente. A vida que vivemos é a vida que temos e, sendo assim, temos que dar o nosso máximo para vive-la da melhor forma possível.
Ainda estou tentando processar a obra e quero muito reler o livro, dessa vez tendo em mente o que eu já absorvi nessa primeira leitura, para tentar refletir um pouquinho mais sobre as situações que Jenny narra. O livro é bom não só para quem, como a autora, convive com transtornos mentais, mas também para aqueles que não estão nessa situação. Ele nos ajuda a entender um pouquinho como é difícil lidar com transtornos mentais e a termos um pouco mais de empatia pelo próximo. Tem um quote (bem conhecido, na verdade) que me parece se encaixar muito bem aqui e com o qual achei que seria bacana finalizar o post:
Everyone you meet is fighting a battle you know nothing about. Be kind. Always.
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