Título: O príncipe cruel (The cruel prince)
Autoria: Holly Black
Tradução: Regiane Winarski
Editora: Galera Record
Está finalmente saindo do forno a minha resenha sobre O príncipe cruel, livro um da série O povo do ar e minha primeira experiência com Holly Black. Duas características do livro me chamaram a atenção logo de cara: o título, no mínimo intrigante, e a capa, com tons terrosos e dourados que têm tudo a ver comigo. E é claro que ver mil reviews sobre ele no bookstagram, tanto nacional quanto internacional, sendo a maioria para lá de positivas, me deixou morrendo de vontade de ler a obra. Então, quando as meninas do Obscurus Bookclub o escolheram como leitura eu não podia ter ficado mais feliz :) Tudo isso somado ao fato de que eu estava com saudades imensas de ler fantasias já há algum tempo me deixou animadíssima para ler a obra.
A história gira em torno de uma sociedade feérica (seres que chamam minha atenção desde que conheci Trono de vidro) e de duas irmãs humanas que são levadas para viver nesse mundo pelo feérico assassino de seus pais, que é o pai biológioco da meia-irmã das meninas. Elas são obrigadas a tentarem se adaptar ao máximo em um mundo que é totalmente mortal para elas, no meio de seres que poderiam matá-las em um instante. Cada uma das irmãs desenvolve sua própria forma de se manter viva e manter a cabeça erguida em meio a essas criaturas que as vêem com desprezo e intolerância.
Uma das meninas, Jude, é a protagonista da história e sob a perspectiva de quem nos são narrados os fatos. Narrações em primeira pessoa costumam me fazer demorar a me acostumar com a história (a terceira sempre me parece mais receptiva aos olhos observadores), mas não foi o caso com esse livro. A escrita de Holly é bastante envolvente e me fez sentir junto aos personagens a todo momento. Jude treina para ser uma guerreira e garantir uma posição importante o suficiente para que aqueles que mais a incomodam, o príncipe Cardan e seus amigos, parem de atormentá-la.
Entretanto, ao longo dos capítulos, a jovem começa a se envolver em questões muito mais importantes no reino e a se ver em uma posição bastante diferente, com a possibilidade de fazer escolhas que antes seriam inimagináveis. Ao mesmo tempo em que a situação muda, Jude também vai se transformando e se tornando quem precisa ser para enfrentar tudo o que vai sendo posto diante dela. Eu gostei bastante desse desenvolvimento da personagem, aliás. Sempre me encanta ver as mudanças de perspectivas e atitudes que vão ocorrendo ao longo de uma história (desde que sejam críveis, é claro).
"- Acho que você estava certa, no fim das contas. - Cardan observa meu rosto, mas sua expressão não revela nada. - Acho que eu não sabia do que você era capaz." p.227
Eu ainda não sei muito bem o que pensar da relação entre Jude e o príncipe Cardan. Eles são meio como gato e rato, com ambos atacando e se defendendo de ataques a cada encontro entre eles. Acho que vou esperar até que eu tenha lido o segundo livro (que já saiu no exterior mas não tem uma previsão de lançamento no Brasil ainda) para formar uma opinião melhor a respeito.
O mundo em que os personagens vivem também me chamou bastante a atenção. Diferente do que ocorre nas obras de Maas, aqui não temos demostrações de grande poder mágico por parte dos feéricos, que em geral se sobressaem apenas pela força e pela idade maiores do que as humanas costumam ser. O enredo na obra de Black gira muito mais em torno dos conflitos políticos que movem o reino feérico e o papel que os protagonistas têm no desenvolvimento, para o bem ou para o mal, dos planos de determinados membros da corte.
"Quando há muito poder concentrado num só lugar, há muitas sobras pelas quais brigar. Se a Corte não está ocupada bebendo veneno, está bebendo bile." p.182
Ao longo da obra eu fui ficando a cada vez mais envolvida com a história, com os acontecimentos e com as mudanças nas vidas das personagens. E, para completar a experiência, Holly nos presenteia com uma reviravolta (ao menos para mim) inesperada que me deixou querendo ler o próximo volume, The wicked king, o mais logo possível.
Eu recomendo muito a leitura e espero que vocês tenham se animado a ler a obra também, se ainda não tiverem feito isso. Foi uma experiência super bacana e me deixou animada para acompanhar uma nova série, algo de que eu estava sentindo um pouco de falta nos últimos tempos.
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