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Bringing down the duke, de Evie Dunmore

Atualizado: 26 de mai. de 2020



Título: Bringing down the duke

Autoria: Evie Dunmore


Um dos meus gêneros de ficção favoritos é o romance de época. É a ele que costumo recorrer quando estou com uma ressaca literária, então ele funciona um tantinho como meu "refúgio". Mas, é claro, também leio obras do gênero apenas pelo prazer de lê-las, como foi o caso com Bringing down the duke (Derrubando o duque, em tradução aberta), de Evie Dunmore. O livro foi a escolha do mês de março no Romancetheque Book Club, sobre o qual comentei um pouco no post anterior, Clubes do livro (e afins) para 2020.


Na história, que se passa no século XIX, Annabelle Archer é uma das pouquíssimas mulheres estudantes de Oxford, renomada universidade que apenas recentemente permitiu que pessoas do sexo feminino estudassem na instituição. Ela consegue uma bolsa de estudos oferecida pela causa sufragista e, por consequência e por confluência de ideias, participa do movimento pela garantia de direitos para as mulheres. As participantes do movimento precisam se colocar contra os ideais enraizados na sociedade e tentar convencer ao menos uma parte dos lordes ingleses, detentores do poder, a lutarem ao lado delas. Entre esses homens está o duque de Montgomery, Sebastian Devereux, durante cuja incessante luta para restaurar o poderio de sua linhagem ancestral se tornou um dos maiores estrategistas da rainha, que é contra os ideais liberais. Como de praxe, nós já sabemos como será o final do livro (um dos motivos para esse ser meu gênero go to é o final feliz garantido), mas o que importa é o caminho percorrido até lá.



Um dos pontos que mais me encantou nesse livro foi a forte presença feminista. E, até onde eu sei, a série toda terá essa característica. O próximo livro de A league of extraordinary women (Uma liga de mulheres extraordinárias) já está em pré-venda na Amazon e carrega o título de A rogue of onw's own. Em Bringing down the duke não faltam discursos feministas bem construídos, condizentes com o contexto em que são ditos ou pensados. Além disso, a obra também conta com referências a uma escritora símbolo do movimento, Virginia Woolf.


"The low light of the gas lamp cast everything in a golden glow, the narrow bed on the left, the wardrobe on the right, and, straight ahead, the rickety desk before the window. Her desk. Where she could sink into the myths of Greek antiquity and solve Latin puzzles. Her bed. Where she could sleep alone, without being kicked by a sleepy child’s foot or having the blanket stolen by one of Gilbert’s girls. All it took was a note on the outside of the door saying she was engaged, and the world remained outside and left her undisturbed. She hugged her arms around herself tightly. What a gift this was, a room of her own."


Tradução (própria):

"A fraca luz da lâmpada de gás lançava tudo em um brilho dourado, a cama estreita à esquerda, o guarda-roupas à direita, e, logo à frente, a mesa desgastada ante a janela. Sua mesa. Onde ela podia se afundar em mitos da Grécia antiga e resolver quebra-cabeças latinos. Sua cama. Onde ela podia dormir sozinha, sem ser chutada pelo pé de uma criança adormecida ou ter o lençol roubado por uma das filhas de Gilbert. Era necessário apenas uma nota do lado de fora da porta dizendo que ela estava ocupada, e o mundo permanecia do lado de fora, sem perturbá-la. Ela colocou os braços fortemente ao redor de si. Que presente era esse, um quarto todo seu."


Esse finzinho do trecho faz uma referência bem direta à um do livros de Woolf, A room of one's own (Um teto todo seu) - e perceberam o jogo com o título do livro dois?. Creio que Dunmore deva ter se referido a outras autoras também, mas meu repertório não foi suficiente para reconhecê-las. Em romances de época, personagens femininas fortes não são novidade, mas em Bringing down the duke a proposta de mostrar a luta pelos direitos das mulheres, no gênero, alcança um novo patamar.



O romance na história também me conquistou. Ninguém aqui inexplicavelmente se apaixona pelo outro personagem em um piscar de olhos, sem motivo aparente (como às vezes acontece em obras do gênero). A autora constrói aos poucos a relação entre os protagonistas, dando tempo para que os sentimentos dos dois passem por seus próprios processos, positivos e negativos. Ah, e também não temos um príncipe encantado perfeito e totalmente irreal. Aliás, ambos nutrem um forte apreço pela razão e não se deixam ser facilmente dominados por aquilo que seus corações os fazem sentir.


"There was his sincerity again, etched in every feature. She hadn’t expected him to speak about feelings. She hadn’t been sure he had any feelings."


Tradução (própria):

"Lá estava sua sinceridade novamente, gravada em cada traço. Ela não havia esperado que ele falasse sobre sentimentos. Ela não tinha estado certa de que ele tinha algum sentimento."


E como se esses motivos já não fossem suficiente para me fazer amar a história, a protagonista estuda antiguidade clássica. Ao longo do livro há referências à peças de teatro, aos mitos, aos deuses e a toda a cultura grega em geral (e latina também - no sentido de romana).


"... recalling the duke’s self-contained imperiousness, it seemed impossible that this man had ever been a boy. Perhaps he had sprung from somewhere fully formed, like a blond Greek demigod."


Tradução (própria):

"... lembrando a imperiosidade (?) contida do duque, parecia impossível que o homem já houvesse sido um menino. Talvez ele houvesse surgido de algum lugar totalmente formado, como um semideus louro."


Estou feliz demais por ter descoberto uma nova série de romances de época para acompanhar e também animada para as próximas escolhas do clube do livro hehe Por enquanto Bringing down the duke está disponível em inglês, e tenho esperanças de que alguma editora brasileira traga a série para o país, já que algumas investem bastante no gênero (aviso por aqui ou no instagram se souber de alguma novidade). Mas se você domina um pouco da língua inglesa, não creio que a escrita seja um grande desafio, principalmente na versão kindle, que possibilita procurar os significados das palavras de forma bem prática :)


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❤ Até o próximo post! ❤



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Fernanda Palhari ama ler e falar sobre livros, organização e desenvolvimento pessoal, gosta de visitar e indicar locais bacanas, é adepta da yoga e tenta manter um estilo de vida saudável para o corpo e para a mente.

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